Acordo de cooperação entre agricultores para a construção dum sistema silvopastoril eficiente

Fonte: Claudia Consalvo (CNR – IBAF)

O tamanho médio de uma exploração em Itália é de 8 hectares. Esta dimensão não permite grandes investimentos e frequentemente não garante ao agricultor um retorno financeiro adequado.

As alterações climáticas, com as suas enormes flutuações no clima e a ocorrência cada vez mais frequente de eventos extremos (como a seca de 2017 na zona do Mediterrânio), têm vindo a aumentar a incerteza. Estes fenómenos extremos podem causar perdas consideráveis de produção nalguns setores, sendo importante que as explorações diversifiquem a sua produção.

Os sistemas silvopastoris podem ser a solução para uma exploração polivalente, que garanta um rendimento adequado, apesar da imprevisibilidade das estações produtivas. Dentro da RAIN italiana do projeto AFINET, foi desenvolvida uma cooperação sinergética entre três explorações na área de Orvieto:

  • Exploração de Danilo Basili, especializada na produção ovina e processamento do leite;
  • Exploração Sartago, especializada na gestão da vinha e na produção de vinho;
  • Exploração Il Pogliano, especializada na gestão de olivais para a obtenção de azeite virgem-extra.

 

À esquerda a vinha da exploração Sartago e à direita o olival de Il Pogliano.

   

Os sistemas silvopastoris com ovinos permitem uma grande eficiência no controlo da erva e do mato sem o recurso ao corte e garantem uma boa fertilização orgânica do solo. Por outro lado, tanto a produção de ovelhas quanto a gestão dos olivais e vinhas necessitam de muita formação e experiência.

As três empresas formaram um projeto de colaboração para benefício de todas as partes envolvidas:

  • o agricultor tem acesso a uma área de pastagem superior, e a oportunidade de reduzir o encabeçamento nas suas pastagens, embora também o possa aumentar;
  • as zonas arborizadas conseguem uma gestão adequada do mato e uma melhoria da qualidade e quantidade de matéria orgânica no solo 

O controlo de rebentos-ladrão das oliveiras é fundamental nos olivais. A remoção manual destes tecidos vegetativos pode ser demorada, e no caso de ser feita mais rapidamente, i.e. mecanicamente, pode causar feridas na base das plantas que podem, por sua vez, permitir a entrada de patogénicos. As ovelhas fazem uma boa seleção sem causar danos à planta, e enquanto isso, estão a adubar o solo, no local certo, debaixo da copa, mas a uma certa distância do tronco da oliveira. 

 
 Oliveiras na exploração Danilo Basili: as árvores têm uma disposição irregular mas oferecem uma boa sombra para abrigo do sol durante o verão 

Os principais benefícios destes sistemas são a redução de químicos e de emissões para a atmosfera devidas à diminuição de operações culturais a serem realizadas nos olivais. Os benefícios económicos prendem-se com a redução dos custos de gestão e pelo pagamento obtido com os contratos de arrendamento de pastagens. O pastor, por outro lado, fica com custos de compra de feno mínimos e a produção aumenta em termos de qualidade e quantidade.

O pastoreio nas duas explorações mais próximas de olival e vinha será interrompido de Abril/Maio a Outubro: na vinha para evitar danos à vegetação, e à vindima; no olival para permitir o cultivo de leguminosas com flor que serão usadas tanto pelas abelhas da quinta, como para a produção de feno.

Nesta área outros agricultores estão a considerar requerer o “serviço” das ovelhas o que dá uma ideia muito positiva: pastoreio como forma de gestão sustentável.

Extensão da superfície e distribuição geográfica das culturas nas três explorações 

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